sexta-feira, 28 de março de 2014

Razão e Fé

            Hoje eu refletia sobre algo interessante.
            Religiosos que pensam serem donos da fé e cientistas que pensam serem donos da razão.
            Qual o meu talante?
            Quando se fala de religião como sinônimo de fé, dá-se a entender que só se pode ter fé no sobrenatural, no superior ao homem e no insensível a este. E, se a ciência é a possessora de toda a razão, os outros métodos de conhecimento estão no âmbito da fé e no ceticismo.
            O conhecimento pode ter três formas relativas à razão em meu ponto de vista.
            O misticismo é o irracional ou o que a razão humana não alcança. As religiões e as tradições podem trazer conceitos irracionais, como ressureição depois de mil anos de sono. Pode ser que havendo um criador que tudo pode, possa revivescer mesmo depois de mil anos um corpo que suas vitaminas já estariam longe, mas não é racional ou minha razão não alcança.
            A metafisica é a racionalidade sem provas físicas, não superando a razão, supera o físico como o nome já diz. Muito comum antes do renascimento. São as racionalidades sem experimentação, dedutivas, comuns nas filosofias antigas e nas religiões como o catolicismo e o espiritismo, este que a principio quase que totalmente metafisico. No catolicismo houve muitos filósofos famosos como Santo Agostinho que no século IV introduziu o idealismo platônico e São Tomas de Aquino que no século XIII introduziu na igreja o naturalismo aristotélico.
            A ciência é razão com experimentação. A razão provada através de indução e dedução. Induz-se um fenômeno e posteriormente deduz-se sua explicação. Tal é o método científico.
            A religião não é dona da fé. Pode o homem ter fé em um deus, em acontecimentos, em outro homem ou até em si mesmo. Ter fé é crer, mas crer somente não é o bastante e por isso houve a metafisica nas religiões.
            A ciência pode ter destruído a razão e a religião a fé.
            Que é razão pra você? E fé? Você é racional e tem fé em si?
            Tão miserável é o homem que tem que decidir entre ambas e quão vazia é uma vida sem razão ou sem fé.
            Como surgiu o mundo? Escolheria razão ou fé para responder?
            Para acreditar em big bang você precisará “acreditar”, pois o que é provada é a expansão do universo e não o momento zero da explosão. Para um cientista deve ser preciso ter fé no big bang.
            E sim, você pode chegar a dizer que foi um deus racionalmente, basta usar a razão, ora.
            Mas a fé perdeu seu sentido. Mataram-na e a envenenaram. Aumentaram seu tamanho de tal forma que perdeu seu sentido. Pensam eles, os iludidos que só se encontra fé onde houver comunhão de grande número de pessoas. Fé é algo que ninguém sente por ti. Sentimento que se sente por ti na multidão, e sentirá só. Duas pessoas não podem sentir o mesmo sentimento,pois é necessário ser um. Confundem a ideia com a palavra, a folha com a mensagem desta.
            Sagrar é dedicar ao divino. Se um livro ou um homem dedicam-se ao divino, ambos serão sagrados.
            Busquei me sagrar, também busquei me conhecer, busquei conhecer no mundo o que faltava para me conhecer. E, ainda hoje, nem razão, nem fé responderam-me a simples pergunta que li no livro “O Mundo de Sofia”.

            “Quem é tu?”

2 comentários:

  1. Certamente há esse embate entre fé e ciência. Uma vez no ensino médio houve uma discussão em sala sobre o criacionismo x evolucionismo, e eu dei a sugestão de pensar em uma junção. Aristóteles precisou recorrer ao Deus ex machina para sustentar a visão que tinha sobre causação das coisas. Parece que nessa lógica há no final um princípio divino D: Existem também correntes de pensamento que desaprovam a lógica mecanicista, como a fenomenologia.
    Ta meio bagunçado o texto D: Mas acho que consegui transmitir a ideia. Hegel dizia que o fluxo de pensamento da humanidade sempre vai girar em torno de uma tese ou paradígma (nas palavras de Thomas Kuhn) e uma antítese, e desse confronto surgirá uma síntese. Parece que já existe uma síntese entre o criacionismo e o evolucionismo. Uso esse debate apenas como exemplo.
    O mais engraçado de tudo é como a ciência depende um pouco do atributo da fé. Pensemos um pouco, você já viu um átomo, ou sabe que uma estrela irá perder seu hélio e irá ocorrer uma supernova, seguida de um buraco negro? 99,999% das pessoas que sabem disso nunca viram quaisquer fenômenos, e mesmo assim tomam isso como conhecimento. A epistemologia ataca um pouco essa visão. Nesse ponto entra uma crença, componente fundamental para o conhecimento, novamente segundo a epistemologia, é preciso acreditar naquilo, e fazemos isso o tempo todo, porque não dá pra ir numa estrela e ver o que acontece com ela, e mesmo que dê, ainda faltam outras milhões de coisas para se verificar.
    Volto a falar sobre a fenomenologia para tirar um pouco o estatus de absoluto da ciência. Edmund Husserl, o fundador do método fenomenológico, achava insuficiente o conhecimento produzido pela ciência, para ele uma árvore era árvore para alguém enquanto ser que se relaciona com ela, quando eu me ponho fora da relação com alguém ou um objeto, eu só terei memórias, pois quando for me encontrar denovo em uma relação, esta será completamente nova. Além disso, Husserl criticava a forma como uma pessoa aborda outras coisas, segundo ele utilizamos pré-concepções que desvirtuam nosso olhar para o que as coisas realmente são.
    "Tão miserável é o homem que tem que decidir entre ambas e quão vazia é uma vida sem razão ou sem fé." Certamente xD
    Eu também não sei responder a pergunta do Mundo de Sofia D:

    ResponderExcluir
  2. Sempre existiu um debate sério entre fé e razão. Acho que ambas fazem seu trabalho em funções diferentes. Acho que fé não explica e nem prova, mas traz esperança e pode fortalecer a meta. Acho que razão explica, fortalece metas, mas não é conclusiva, pois, como falava Nietszche em "Humano, Demasiado Humano", a razão também já foi causa de muitas enganações.

    ResponderExcluir