Caro
leitor. Venho mais uma vez dialogar, mas como em outros assuntos. Posso eu
mudar esta opinião conforme o meu talante, conforme minha arbitrariedade.
Reparou
na violência? Parece estar sempre aumentando?
A cada
dia as pessoas parecem mais inseguras e estão ainda cansando disso, que como
uma fonte eterna de preocupação, devido ao medo do outro, do desconhecido,
aparentando este ser funesto ou não, pois se desconfia de cada um, mesmo de
crianças. Insegurança que tende a reger suas vidas, seus gastos, seus medos,
seus espíritos.
Tenho
pena destes. Tenho pena do homem que teme o futuro. Tenho pena do homem que
teme outro homem. Sempre olha para traz e verifica se não está sendo
acompanhado por um “funesto aparente”.
Tenho
pena daquele que não sai de seu abrigo, sua caverna, seu lar por causa de sua
insegurança, seu medo do futuro, pois sua vida se resumirá a esperar a hora de
sair da toca... Assim como os ratos.
Moro em
um bairro vazio. Pouco vejo os meus vizinhos. Trancados dentro de casa com suas
ocupações (está bem, isso é digno) e inseguranças e auxiliadas por um aparelho
“zumbificante”: a TV.
A
televisão, claro que é fonte de informação, mas a informação desta não é livre
como se pensa. As emissoras mostram o que querem ver. A TV quer audiência, e
usará todos os meios para isto.
Alguns
querem sangue. Alguns esperam sangue. E a TV os obedece trazendo sangue no
café, no almoço e no jantar, pois ela só pede uma coisa: atenção. E não há nada
melhor para TV que um inseguro que pede seu alimento: sangue.
Este é
o circulo da insegurança dos que alimentam a violência durante as refeições. “Como
ando na rua? Assisti assassinato hoje.” Me trancarei e assistirei mortes de
novo, me trancarei novamente no meu sofá.
Não reaja.
Você está desarmado. Pedimos para que fossem tiradas as armas, então não reaja.
Mas a TV não se lembra do passado. A TV vive de novidade. Algo tem que te
segurar no sofá. Algo tem que despertar a tua curiosidade, mesmo que seja o
novo banal.
E
desliga a TV e o vicio continua: facebook, jornais, fofocas. Tudo parece se
infectar por esta alimentação do inseguro, que depois vira revoltado.
Sim, Há
um segundo patamar: a revolta.
Eles revoltados com a insegurança
alimentada a um ponto de cansaço, se revoltam contra a marginalidade, depois
contra o poder (estado, políticos e etc), contra a milícia, e, no fim, contra a
população.
Um sem armas culpa outros sem
armas. Um incapaz culpa outro incapaz.
Sensação insegurança esta que, já
bem alimentada, se espalha, cresce de tal forma que o incapaz nem percebe que
luta contra uma realidade alimentada há muito tempo. Na verdade ele não luta. Ele
reclama. Alimentou a sensação e a sensação o engoliu, o sufocou.
Mas a violência cresce, a
população cresce, a cultura banaliza, cria mais “banalizadores” (acho que esta
palavra não existe), perdem-se mais e mais valores morais e depois a violência cresce
de novo e assim vai.
O que eu quero dizer leitor, não
é que haja apenas violência ilusória, que é invenção, mas que esta sensação desmedida
de insegurança trás um ciclo sem fim de malefícios para você, para a sua família
e se estende para população. População esta que parece querer e procurar
alimentar este sutil monstro que forma agrilhoados.