terça-feira, 29 de março de 2022

Os aspectos de um deus ao olhar a natureza

Fantasia, Surreal, Deus, Pé, Potência, Força
Imagem tirada do site Pixabay.com

     Hoje eu estava pensando em como seria meu olhar, acerca de um deus, ao analisar seus aspectos, buscando pistas reais de alguma possível intencionalidade da maneira em que a natureza opera. Talvez por hábito eu tenha em mente a visão de um deus único neste artigo, devido a repetição do contato com o cristianismo em minha vida. 

    Estes "aspectos" não são nada baseados em academia ou em livros de eruditos no assunto. São apenas uma pequena síntese formada por meu olhar acerca do mundo, deduzindo, talvez, o possível comportamento de um ser que tenha em algum momento criado ou regulado a natureza como ela é. 

    Muitos dizem, em especial teólogos cristãos e espiritas, que é possível chegar a um suposto "Deus" através da observação da natureza. Veremos se, por dedução, é possível chegar as mesmas conclusões das crenças citadas em exemplo sem um viés de confirmação a priori.

     Vou considerar aqui um deus único ou um único panteão regente deste mundo, com alguma intencionalidade e possuidor de alguma consciência e algum nível de inteligencia e raciocínio. Decidi não considerar a hipótese de um deus inconsciente como, por exemplo, a interação da matéria com a gravidade gerando fenômenos aleatórios e não intencionais.


    Aspecto da Competição e da Guerra


    É confirmado através da observação que a natureza é competitiva. Plantas e animais se desenvolvem através de uma competição em que, segundo as teorias Darwinianas, o mais adaptado sobrevive a mudanças ambientais em que o menos adaptado perece ou é obrigado a se readaptar para competir com a espécie que se sobressaiu diante de seu nicho ecológico.

    Existe guerra na natureza. As vezes barulhenta como entre tribos de primatas e as vezes silenciosa como a competição das plantas e micro-organismos. Tais embates existem devido a escassez de recursos como água, espaço, alimento, etc.

    O ser que regule este sistema, se intencional, preza pela competição entre organismos vivos.


    Aspecto da Homeostase

    

    Voltando os olhos para a natureza, vemos que a terra, o ar, as águas e os seres vivos possuem um método de descontaminação de resíduos tóxicos sendo estes antrópicos ou não. Claro que se um ser vivo não se descontaminar a tempo, pode vir a óbito. 

    Esta homeostase pode ser considerada uma autocura, uma busca por um estado menos nocivo. Uma estabilidade. Entre seres vivos é uma capacidade de regular sua estabilidade fisiológica.

    Um deus poderia, ao ter criado a vida e o mundo, ter dado proteções automáticas e convenientes de acordo com o metabolismo do mundo, como também dos seres vivos. A homeostase está no micro e macrocosmo. Isto implica que o ser criador prezaria pela duração determinada ou ao menos suposta das coisas.

 

    Aspecto da Fertilidade


    Seria o aspecto da vida e da nutrição. A terra nos nutre com alimentação, de acordo com vários ciclos naturais, ciclo hidrológico, estações, simples duração de maturação da planta, etc. Também o nascimento e procriação dos seres vivos.

    O deus, ao regular a natureza, regularia a vida, nutrindo os seres e dando a chance destas vidas gerarem novas vidas no futuro ou mantendo sua duração.


    Aspecto da Arte


    Esse eu achei legal.

    A natureza é possuidora de belas paisagens, belezas indizíveis. A beleza do pôr do Sol lembra as mais belas pinturas feitas pelo homem. Galáxias de variadas cores em que temos fotos tiradas do telescópio Hubble encantam nossos olhos. Animais multicoloridos e de variadas formas, nuvens que formam desenhos no céu, uma bela lua que se mostra a noite para nos encantar. Tudo isso é imitado pelo homem em arte.

    Se eu desse um trabalho ou ocupação para um deus com certeza seria artista. Se tivesse de elogiá-lo seria pelos seus trabalhos de arte. 


    Aspecto do Horror

 

     De fato há beleza em muitas coisas. Também, convenhamos que esta beleza não é absoluta. Também há seres que nos causam nojo e que a palavra belo nem sequer é cogitada em nossos pensamentos ao vê-los. Nem todo pôr do Sol é o mais "lindo" pôr do sol. Existem também horrores no mundo. Há seres abissais nos oceanos ou debaixo da terra que nós não iriamos querer olhar por muito tempo. Sem falar que a própria violência na natureza já pode nos repelir.

    Talvez o suposto deus brinque com sua criação. Por vezes nos vislumbrando, por vezes causando desconforto. Para mim não está tão claro o porquê de tanta beleza e de tanto horror na mesma criação.

 

    Aspecto da Imparcialidade e Amoralidade


    Aqui as coisas começam a chegar em um ponto interessante.

    Guerras sangrentas, crimes numerosos e por vezes impunes, corrupção desmedida e escancarada. Tudo isto está na suposta criação do deus, a natureza. Neste mesmo momento um mendigo está recebendo um prato de comida e uma criança está sendo morta, vitima de  alguma violência. Fenômenos naturais também ceifam a vida de pessoas sem as vezes terem escapatória. Tudo isto nos revela que o deus não se importa com merecimento ou injustiças sociais. Não se importa com crimes cometidos contra inocentes ou nem mesmo contra seu nome.

    Através de todas estas coisas e eventos pode-se dizer que o deus é neutro diante dos acontecimentos e diante das "injustiças" na natureza. Se o deus controlar fenômenos naturais pode ser até causador da morte de inocentes. Isto implicaria em uma amoralidade.

    Porém, para esta conclusão eu não considero um outro lado da vida ou a existência de espíritos, já que eu sairia do campo da lógica e entraria no campo da crença e entraria em uma armadilha do viés de confirmação.


    Aspecto dos Ciclos


    A natureza se movimenta e de fato não é tão estática o quanto parece. Estudei em mecânica dos solos que até mesmo o chão em que você pisa está em constante transformação. Erupções vulcânicas, erosões, o vento, intempéries, organismos microcelulares, degelo. Tudo isso forma novos solos e rochas em ciclos de formação de rochas sedimentares, magmáticas e metamórficas para fracionamento em solo.

    Existe também um ciclo hidrológico, o ciclo da vida, as estações, o ciclo das marés, lunares e etc. Tudo isto nos mostra que a natureza é cíclica e até nós vivemos isso.

    O deus teria projetado muitas coisas em ciclos de transformação. Não sabemos se este ser mesmo passaria por ciclos.

 

    Aspecto da Estabilidade dos Corpos (Equilíbrio?)


    Aqui entram algumas leis universais. Newton dizia que a matéria tem uma resistência a mudanças de estado de movimento em equilíbrio. O corpo tende a voltar ao seu estado em equilíbrio, que pode ser "parado" ou em movimento retilíneo uniforme. Ou seja: a aceleração só acontece durante a interação com as forças.

    Isto me lembra de certa forma o aspecto da homeostase, em que a natureza tende a buscar uma estabilidade. 


    Aspecto do Caos e da Imprecisão


    "No principio era o caos."

    Esta é a primeira frase da Teogonia de Hesíodo. 

    Hoje a termodinâmica nos ensina que em todo sistema há um nível de desordem. Acho incrível estes termos que remetem ao conceito de caos. Mas caos não é só desordem. Caos também é imprevisibilidade.

    Se estudarmos um pouco de estatística, veremos que para toda previsão em estatística há uma margem de erro. Muitos fenômenos meteorológicos são também incertos. Muitos eventos naturais não são previstos, ocasionando até mortes. Alguns testes em laboratórios que eu fazia, continham uma pequena margem de imprecisão.

    A natureza mostra suas surpresas e desordens, o que revela que um deus pode não ser tão estrito em seu regimento natural quanto se imagina.


    Aspecto da Ordem e da Previsibilidade


    Apesar de haverem imprevisibilidades, seria desonesto de minha parte desconsiderar as repetições e previsões de eventos provindos das descobertas de leis naturais, observações empíricas e deduções assertivas.

    O estudo da química e física nos revela a previsibilidade do sistema que chamamos carinhosamente de natureza. Podemos quantificar com margem de precisão forças, velocidades, dimensionar eventos espaciais, medir distancias astronômicas, e muitas outras coisas graças ao estudo de uma ordem natural das coisas.

    Isto revela que, apesar do caos no sistema, existe sim uma organização e que o deus teria precisado, até certo ponto, as leis naturais.


    Considerações finais


    Estes possíveis aspectos de um possível deus criador e regulamentador são altamente discutíveis e, com convicção, o assunto não consuma aqui. Podem ser acrescentados ou removidos outros destes tais aspectos.

    Através desta analise da natureza, podemos extrair estas características de um suposto deus:

-Criou um sistema de competição de recursos, talvez para que os seres vivos tenha de se adaptarem ou outros motivos;

-Criou um sistema de homeostase para o mundo e os seres vivos, possivelmente para precisar melhor sua duração;

-Criou também um sistema de nutrição e gestação, possivelmente para fim de que as especies durem o tempo que seria precisado por este ser;

-Cria belos fenômenos, com uma estética invejável mas ao mesmo tempo horríveis seres e fenômenos, sendo difícil predizer sua intencionalidade para com isto;

-Seria amoral;

-Criou uma natureza cíclica, ao mesmo que a matéria tem resistência a mudanças de movimentos;

-Criou uma natureza caótica e ao mesmo tempo ordenada por leis naturais, o que é contraditório ou ao menos um paradoxo. Talvez não seria tão ordenado o quanto se fala, ou até um brincalhão.

    ´Com um olhar leigo de uma criatura que vive um segundo comparado ao tempo de certos fenômenos naturais, consigo ver alguma contradição quando observo a natureza sem algum viés religioso ou ideológico. Isso pode indicar a ausência de dados amostrais, de variáveis, ou mesmo uma imprecisão.

    Existe a possibilidade de não haver um deus, de haver muitos deuses, de ser algo não consciente... Muito difícil precisar. É algo que não tocamos, não vemos, só supomos. Mas, em resposta àqueles que dizem que é possível alcançar um deus, não me pareceu tão possível devido a estes paradoxos. Principalmente a um deus com uma moralidade universal.

 

     É isso. O assunto vale reflexão e debates. Fique a vontade para comentar e eventualmente posso adicionar novos aspectos ou tirar algum.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

A formiga que me transformou num mundo

Formiga, Inseto, Natureza, Animal, Macro
Imagem tirada do site Pixabay.com

         

        Hoje eu trago um relato de uma experiencia pessoal mas ao mesmo tempo reflexão. É uma continuação do artigo anterior sobre o reconhecimento para com a natureza que somos nós. Fiquei em dúvida se colocaria o relato no blog de contos ou neste em que exponho minhas ideias e hipóteses da vida. Escolhi trazer como uma reflexão, portanto este é meu espaço ideal.

        Fui meditar e cantar no quintal da minha casa. Tem algumas plantas e decidi criar meu Méneton. Um espaço pessoal em que eu me acolho. Eu canto musicas, rezo, medito. Sempre só e acolhido.

        Estive pensando nesta semana em como somos parecidos com o mundo. Li sobre os antigos celtas que eles viam os elementos formadores do mundo de uma forma diferente do convencional. Por exemplo, o mar é um elemento e era comparado ao sangue, como se o mar fosse o sangue do mundo. A Terra sendo como a carne do mundo, e assim vai. Mas eu gostei  bastante desta forma de pensar e desta comparação entre os seres humanos e o mundo.

        Lembre-se que mundo aqui não é simplesmente planeta, mas aquilo que se conhece, o todo formado pelo solo, o Sol, a Lua, Estrelas, plantas, mares e etc. Tudo o que forma o que conhecemos nas paisagens. E isso tudo o povo celta via como elemento (óbvio que posso estar generalizando aqui).

        Vamos ao relato:

        Estava eu, nesta tarde, tocando violão, sentado num pallet quando senti uma picada na coxa. Fui olhar o que era. Era uma minuscula formiga. Observei que ela andava sobre minha pele como se estivesse andando sobre o solo e observei que meus cabelos da coxa eram enormes para ela. Ela parecia andar numa "floresta" de pele e pelos. Esta floresta sou eu.

        Ela me beliscava, não sei porquê. Mas parecia perdida, talvez. Eu me senti imenso. Um deus e um mundo. Um mundo porque era solo e arvore para aquela formiga. Um deus porque tinha poder de tirar-lhe a vida ou de trazer para ela uma fuga daquela floresta humana. Com certeza não era onisciente. Talvez não precisasse.

        Numa hora ela subiu em um terreno diferente. Ele subiu na parte de fora da minha bermuda. Outro terreno por que não mais tinham arvores, mas era um deserto para ela. Resolvi colocar minhas mãos a frente dela para colocá-la de volta no solo. Meio que apressada (ou desesperada talvez) ela corria mas consegui por ela em meu dedo. Soprei ela de volta ao solo.

         

        Terminei o relato. Vamos refletir:

        

        Nós somos cada um, de certa forma pequenos mundos. Aquela formiga me fez perceber que eu sou imenso para ela. Eu sou solo e floresta para ela. Meu suor seria poças d'água salgada para ela, talvez rios se formassem gotas e escorressem. Se ela viesse sobre a minha cabeça estaria numa mata densa (nem tanto por que estou ficando calvo). E assim por diante.

        Falei de como somos imensos para a formiga, né? E para o mundo? Somos como aquela formiga. Andamos (as vezes nos perdemos) neste mundo as vezes buscando ajudá-lo, sendo neutros e as vezes prejudicando ele. 

        Eu falei que a formiguinha me beliscou? Ficou doendo um pouquinho. Ela, no seu grau, me fez doer. Imagina nós no mundo. 

        Quantos beliscões será que não damos no mundo? Poluição, extinções, efeito estufa devido gases tóxicos, desmatamento e etc.

        Isso me fez refletir que se eu olhar o mundo como um metabolismo maior, posso me preocupar mais com ele.

        Apesar deste blog trazer meus pensamentos filosóficos, as vezes eu preciso alarmar as pessoas a verem o mundo como seu lar e que os recursos dele são escassos. Meus cabelos são finitos, meu suor, minhas células também são. 

        Sendo assim, trago esta reflexão para fim de talvez fazer você, meu amigo leitor, pensar no seu papel na vida e para com o mundo, fazendo parte dele e, até mesmo, sendo-o.

         

         

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

A Natureza é você

Natureza, Animais Selvagens, Tigre De Bengala Branco

     Hoje eu estava no meu estudos sobre as varias religiões do mundo. Confesso que desta vez me vi pesquisando sobre uma classe de Dungeons & Dragons: o druida. Gostei do personagem, temática interessante, se transforma em animal... Legal. Pesquisei sobre o druidismo e a cultura celta. Queria saber mais sobre como viveram estes sacerdotes e descobri  muita coisa legal.

    Uma delas é que a maior entidade reverenciada pelos druidas é a natureza. Nossa, não me parecia novidade, já estava na descrição da classe do D&D. Mas me peguei com maior interesse no assunto. Li o dia inteiro sobre esta cultura infelizmente quase esquecida. Os druidas não gostavam de escrever sua religião. Por incrível que pareça, isso foi genial, pena que veio o Império Romano forçando outras culturas com seu cristianismo e dizimando os druidas, que conseguiram sobreviver na Irlanda que nunca foi invadida por Roma durante seu império.

    Isso fez com que pessoas resolvessem desenvolver um druidismo reconstrucionista. Muito interessante. Este amor pela natureza e pela cultura celta me cativou. Me fez pensar em como o mundo seria melhor se uma religião ligada a natureza se popularizasse nos dias atuais. Estamos em uma época em que parece que o ser humano perdeu a sacralidade com o natural, com a vida dos outros seres e as vezes com a própria vida.

    Alimentos industrializados, com uma química insalubre são vendidos em massa para toda a sociedade. Legumes e frutas intoxicados com quantidades extremas de agrotóxicos é uma moda difícil de mudar. Alimentos com altos teores de açúcar são comercializados mesmo sabendo que este açúcar vicia e causa doenças como diabetes. Matamos animais para comercializarmos todos os seus membros e órgãos e nós os tratamos como meras mercadorias industriais.

    Nos envenenamos com gases tóxicos gerados por automóveis e industrias que geram vapores nefastos. Poluímos rios e mares, jogamos lixo na terra ou queimamos. 

    O respeito para com nós mesmos e para com a Natureza não é uma pauta para o mundo atual. Este sistema viciado é protegido por ideologias que ignoram todo respeito e dignidade da Natureza. O ser humano, um ser natural criou orgulho e renunciou aquilo que não pode renunciar: a sua filiação com Ela.

    Me lembro que em 2010 eu estudava para ser um tecnólogo em telecomunicações. Um rapaz assistia televisão no patio da faculdade e era transmitido um jornal em que a pauta era os povos indígenas. Ele falou que achava que aquelas aldeias deveriam ser destruídas e que deveriam criar fazendas no lugar daquelas zonas florestais. Fiquei pasmo com a opinião do rapaz, mas eu não tinha um contra-argumento naquele instante. Parecia lógico desmatar uma mata a fim de criar gado ou plantar comida para alimentar uma população. Talvez seja, mas é moral?

    Eu pensei depois sobre o assunto e algo me incomodava. Temos este direito? Podemos destruir o que nos criou de verdade? Somos naturais e frutos de longas eras de um desenvolvimento. Este desenvolvimento foi impulsionado pelas adaptações sofridas. Somos tão especiais ao ponto de destruirmos a casa de outros seres a fim de que um indivíduo tenha a falsa sensação de posses?

    Sim. Posses são sensações falsas. Não temos nada de verdade. A posse é um sentimento social. Mas mesmo assim, mesmo que a propriedade privada seja o fim ultimo da sua existência, você se acha no direito de se achar um ser acima de todos os outros? Argumente a vontade, leitor. Deixei os comentários disponíveis a sua disposição. 

    É sabido que a influencia humana na natureza gera descontrole. Este descontrole pode acarretar na nossa extinção eventualmente. Mas por quê simplesmente continuamos? Porquê nos destruímos se somos tão acima de todos os seres? Temos alma, né isso? Ou um deus que nos perdoe estas faltas?

    Talvez devêssemos escutar aqueles antigos druidas e sua relação com a maior de todas as coisas: a Natureza, não conheço nada que esteja fora dela ou nada que não tenha surgido dela. Você é natural leitor. Não tente fugir disso.

 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Olhos ascensos

 

Uma alma aos céus

Assenso ao olhar

Dos vibrantes réus

C'a Terra a ficar


Eleva-se o semblante

Do mais fino ser

O valoroso amante

De todo que nele crê


Não exigiu tesouros 

Sequer levou ouros

Na morte em cruz


Quisera seu povo

Assistir de novo

A ascensão de Jesus


Mulher, Jovem, Africano, Garota, Olhar Para Cima, Rosto
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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

O que é opinião, fato e interpretação

Pesquisa, Comentários, Votação, Funcionário
Imagem tirada do Pixabay.com


    Vejo muitas pessoas falando que de certo nível, todas as concepções humanas são opiniões.

    Vejo também muita gente falando que o que um historiador relata através de documentação antiga é opinião dele também.

    Estas pessoas também não conseguem separar criticas aos seus textos de criticas pessoais. São as mesmas pessoas que se ofendem por qualquer tentativa de refutação. 

    Note uma coisa, leitor. As pessoas que não diferenciam crença, opinião e conhecimento tendem serem as que mais se metem em julgamentos pessoais a fim de ofender algum outro argumentador. 

    Se tudo é opinião pessoal, então não existem verdades por si mesmas (absolutas). Não existindo verdades, os fatos, que são verdades, viram meras ferramentas interpretativas.

    Lembro de quando participava de um grupo religioso aos 20 anos. Se eu discordava de algum assunto ou tentava esclarecer algum erro, já sabia o que iria ouvir : isto éa sua opinião, Ewerton! 

    Isso me fez examinar esta questão com mais naturalidade e lentamente perceber que as pessoas tem muita dificuldade de discernir o que são essas coisas. Vou ajudar.

    Vamos dar como exemplo um fato: No dia 04/01/2022 às 15:25 horas, Ewerton digitava um artigo.

    Isto é um fato, visto que esta pessoa sou eu quem estava digitando naquele minuto e a flexão do verbo digitar está correta, já que eu ainda nem tinha terminado o artigo. Fato é aquilo que acontece ou aconteceu, uma verdade, um evento.

    Porém se eu usar uma frase que possa ser verdadeira ou não de pessoa pra pessoa, estarei expressando uma opinião. Exemplo: Ewerton é feio, ele deve assustar criancinha na rua.

    Note que "feio" é adjetivo. O emissor da frase dá uma característica ao sujeito que pode ser real para uns e outros não (assim espero). A opinião tem esta característica de envolver atribuições que nem todas as pessoas concordariam.

    E interpretação? O que é?

    Interpretar é entender o sentido de algo ou dar sentido a algo. Isto pode acontecer com fatos, opiniões, ambiguidades, mensagens no geral...

    Um exemplo de interpretação: Ewerton escreveu aquele artigo para convencer as pessoas de que nem tudo é opinião. 

    Note que acima a pessoa sentiu a motivação da mensagem, ou mesmo uma mensagem geral por traz do texto inteiro. Isto é interpretar: por traz desta imensidão de palavras há uma mensagem e o bom interpretador recebe esta com o mínimo de duvidas possíveis sobre o conteúdo da mensagem. Ao não ser que se usem muitas figuras de linguagem.

    O que é subjetividade? O que vem do sujeito. A linguagem opinativa é subjetiva. As interpretações que diferem de pessoa para pessoa são subjetivas. Uma visão mais "interna" das coisas.

    E objetividade? O contrario de subjetividade. Quando você olha um objeto, você opina? Quando você vê uma caneta vermelha, você acha que aquela cor foi uma opinião? O fato de ser uma caneta e de ser vermelha não tem relação com seu interior. Você não interpreta o vermelho. Você não interpreta a caneta.

    Se eu adquiro dados de uma pesquisa, eu posso interpretar as motivações daqueles dados, os porquês dos resultados, mas não os dados em si.

    SACOU? Um texto objetivo é um texto privado de opinião (isso existe, seu bocó).

    Espero ter ajudado de alguma forma. Não tenho um pingo de esperança de que aquelas pessoas relatadas nos primeiros parágrafos mudem. 

    Mas espero que alguém aprenda algo com este texto.   

domingo, 2 de janeiro de 2022

Ano novo, vida nova... ou não

 

    Alguém em algum passado longínquo decidiu o momento da meia noite. 

    Alguém descobriu que a Terra demoraria em torno de 365 dias para girar em volta do Sol. A uma grande velocidade ao qual não sentimos devido a inercia.  

    Mas, sinceramente quem decidiu o ponto do tempo que seria a passagem de dia x para dia "x + 1" o decidiu por motivos arbitrários.

    Precisa de muita pesquisa para me entender? Necessito de cálculos ou uma lista de referencias para tratar deste assunto?  

    Não. Antes dos livros existem os sentidos. Antes das interpretações, existe o raciocínio autônomo. Então trabalharei com isso por este instante. 

    Se eu disser que o ano é um giro de um corpo celeste ao redor da estrela ao centro de um sistema solar, então o tempo relacionado ao ano de um planeta é relativo a fatores envolvendo o planeta.

    Um ano na Terra é de 365 dias. Em Marte é de 687 dias terrestres. Mas o dia 1° do ano é arbitrário.

    Se o dia 1 de janeiro é uma convenção humana, um ponto decidido em intervalos iguais de tempo (a cada 365 dias, desconsiderando anos bissextos), então os anos contados no calendário também são meras convenções.

    É tão verdade isso que, em 2022, o ano novo chinês começará no dia 1 de fevereiro (neste caso é um ano de 354 dias). Então o ano é um intervalo relativo de tempo, podendo ser considerado constante subordinada a vários fatores.  Estes fatores sendo o corpo celeste em questão, cultura, convenções arbitrarias, etc.

    Baseado nisso, posso afirmar que o tal ano novo não existe, não faz sentido e as pessoas não tem o que comemorarem.

    É mais uma cultura que demonstra nossa tendencia a forma mistica de agir. Misticismo é a forma ilógica em que encaramos ou definimos certos assuntos. As outras maneiras são chamadas de Metafisica (negativismo, raciocínio sem experimentação) e Positivismo (comprovar hipóteses por experimentações).

    Falarei mais acerca do assunto em outras oportunidades.

    Não existe ano novo. O que existem são estações, ciclos lunares, orbita solar etc.

    Paramos de comemorar épocas de colheita (que é algo lógico, mesmo que se envolva religiosidade) para comemorar coisas como carnaval (o que é isso afinal?) e ano novo, que são coisas que não nos trazem nada a comemorar em si, ilusões.

    Logo, já deu para perceber que considero uma bobagem a pessoa criar expectativas para um novo ano, sem razões para tal, sem promessa alguma. Afinal, do que adianta querer que a vida mude pela magia do ano novo?