Tem se passado algum tempo, em que me deparei com
as seguintes questões: todos nós somos iguais? Somos diferentes? Somos únicos
ou Temos algo de igual e algo de diferente ao mesmo tempo?
Sim. Esta é uma resposta a uma das
perguntas: se temos algo de igual e algo de diferente ao mesmo tempo. De alguma
forma, nós seres humanos somos contrários a nós mesmos (ou pelo menos grande
parte sei que é). Explico:
Que cada um tem suas diferenças é bem
verdade, pois gostamos de coisas diferentes, pensamos de forma desigual,
expressamos nossos amores de forma díspar e por que não única.
Daí, pode alguém se perguntar: quem
sou eu, respondendo-se ou pelo menos buscando responder-se mesmo de forma
inconclusiva com base em suas diferenças. “Eu sou padeiro” pode o padeiro
responder se ele disser baseando-se no que pensa que o define pessoa: é o que o
diferencia. Claro, se ele confundir o que é com o que se faz.
Muitos vêem a questão “quem sou eu?”
como se a pergunta fosse “quem sou para a sociedade?”. O individuo pode fazer
uma confusão. Quem eu sou para mim? Quem eu sou para vós? Que eu sou na
realidade?
Perguntas
confundidas por pessoas de todos os lugares.
Levanto outra questão: todos responderão a estas
questões sobre você da mesma forma que responderão sobre elas? “Que eu sou pra
mim” e “Que você é pra você” terão as mesmas respostas?
Demonstrarei como me parece tão utópica a
igualdade (atualmente pelo menos), tão ideal. Uma quimera enfim. Não digo que é
impossível alcançar igualdade em seres humanos, pois seres humanos se superam,
se melhoram, são imprevisíveis às vezes. E claro! Também devo ter a humildade
de saber que sou falho. Tudo aqui é opinião.
A igualdade é ideal. Uma ilusão para as
políticas, culturas e sociedades atuais.
Se um homem tem dois carros, percebe-se que já é
diferente no “ter” com relação a quem anda de bicicleta. Esta “igualdade de
ter” não parece possível, pois queremos naturalmente poupar e adquirir bens ao
nosso gosto, pois somos diferentes na nossa vontade e isso é natural e
essencial.
Há uma questão que me aflige. Toca-me a cada vez
que penso neste assunto:
Como pode haver essência humana, se somos
contraditórios em nós mesmos?
Penso não conforme Aristóteles, mas conforme as
idéias platônicas: ao que parece a essência humana é algo que vai alem do
físico, do tangível, pois inclusive toda essência é assim.
A meu ver essa essência platônica é o que dá a
capacidade que a mente tem de simbolizar por distinção. Algo no ser humano o
distingue que o faz poder nomeá-lo (nome é símbolo) e isso é a essência. Há
algo de igual, mas também há algo de diferente em cada ser humano. Se fossemos
iguais veríamos as essências imutáveis, pois a essência nos iguala.
Nossa xD Belo texto!
ResponderExcluirVocê tocou em uma questão muito interessante no final, falando sobre a essência humana. Muitos filósofos existencialistas vão ignorar essa essência humana, porque afirmam que o ser humano é um constante vir-a-ser, se transformando a cada momento. Ainda assim eu fico com a posição de Heidegger, ele afirma que a essência do ser humano está justamente nesse capacidade de vir-a-ser, e assim ele põe a essência como dependente da existência e vice-versa.
A nossa sociedade entra em uma profunda contradição também. Posso citar aqui Norbert Ellias, um grande sociólogo, que percebeu como as pessoas que cuidam de nós, geralmente nossos pais, nos dizem: filho! eu quero que você se destaque na sociedade, só assim você será notado. Eles falam isso em termos de mercado de trabalho, e no fundo querem que você seja diferente dentro da igualdade, ou melhor dizendo, do padrão da sociedade. No momento em que esse destaque ameaça escapar a jaula do que é dito certo ou aceitável pela sociedade, ficam preocupados.
Responder a pergunta "quem sou eu" é tema de muita conversa D: A formação do autoconceito é algo muito ligado a um contexto, a pertenças grupais. Se você pertence a grupos que trabalham muito, terá a tendência a se ver como trabalhador, também vais se comparar com as pessoas com base nisso. Posso usar o exemplo daqueles caras tidos como marginais na nossa sociedade, que gostam de usar roupas de marca. Eles se comparam com os outros com base nisso: quem usa roupa de marca e quem não usa. Mas enfim, essa relação indivíduo-sociedade que constroi a autoimágem poder ser vista nas teorias da identidade social de Henri Tajfel e na teoria da comparação social de Leon Festinger, a primeira é a nível grupal, a segunda a nível individual.
muito interessante. Você deu fortes fontes de pesquisa. Grato
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