quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

A crise da humanidade

 

    Sabe o que me deixa triste? Esta obsolescência de assuntos inúteis que encontramos por aí.

    Existem pessoas que são repetidoras dos mesmos discursos antigos e obsoletos sobre sempre os mesmos assuntos.

    Coitados. (Suspiro)

    A irreflexão nos torna vazios. Quando falamos em um assunto sem examinar nossas próprias crenças sobre ele, nos arriscamos a repetir sempre o que a maioria das pessoas que convivemos tratam dele.

    Muitos odeiam o que a maioria odeia e ama o que a maioria ama.

    Sabe aquele seu amigo que não come uva passa no arroz sem nunca ter provado? É um destes. Ah! Você também não gosta, porém nunca provou? Então... você é um otário, nada caro leitor!

    Você abandona o conforto por modismo? Deixa de se sentir bem para satisfazer um grupo de pessoas que nem se importam com você? Muda o cabelo pra parecer com o dos amigos que ano que vem podem nem lembrar de você?

    Você já se deixou influenciar por quem claramente ri da forma que você age? Aqueles urubus que procuram um defeito seu para ninguém notar os deles? 

    Nós somos uns tolos. Somos tolos por sermos tão influenciados e irrefletidos. Se fossemos ao menos influenciados apenas por aquilo que não nos destrói seria bem melhor para nós.

    Sabe, leitor...

    Eu olho a beleza da lua, mas tenho medo de falar quando a lua está bonita. Sabe porquê? Por que quase ninguém pára para ouvir e ver. Tudo o que tranquiliza causa desconforto ao povo de hoje.

    Quantas pessoas você conseguiu conversar ultimamente? Estou falando em conversar, não enviar mensagem de tela, chamada de voz. Quantas pessoas você olhou no olho e conversou sobre o que sente? Seus planos de futuro... seu medo de pegar diabetes por comer açúcar demais... aquela pessoa que te faz bem... ou mal...

    Mas não. A televisão tira os olhos dos outros dos teus. Você tem que esperar a hora da propaganda para alguém te ouvir. Seu marido não tira a mão, nem o olho, do celular. Talvez nem você consiga.

    As conversas se tornaram cansadas. Por que o mundo cansou. O tolos vem com aquelas estórias de vanglorias que ninguém mais se admira. Mais tolos ainda os que se orgulham pelo que tem. Tudo, um dia, será jogado fora ou destruído pelo tempo.

    Alguns desesperados por algo novo a dizer, procura saber da vida alheia. Aquelas mesmas histórias que acontecem com todas as famílias.

    Se pergunta por que os noticiários de morte ainda impressionem muitos? Por que só uma morte feia ou uma noticia triste agita aquelas almas. Elas só saem daquele automatismo para examinar na vida alheia para sentir alguma forte emoção, já que a única forte emoção que podem sentir é revolta, medo e desespero.

    O mundo cansou. Cansou de apreciar as estrelas. De sentir o vento bater na pele e ver como as folhas de uma simples planta são bonitas. Mas isso tudo é besteira. O mais importante são os músculos sangrados de um acidentado ou um projétil cuspido da arma de um assassino. 

    Fico pensando. E quando nossa própria poluição nos matar? Nosso lixo nos infectar? o que será? E no dia que você for respirar um ar negro que assolar sua volta? Diante da morte pelo próprio veneno, o que dirão estes seres? 

    Ah sim. Este assunto também é bobagem. Apreciação é tão bobagem quanto a autodestruição dos egoístas.

    A contemplação das beleza da vida virou coisa de poeta. A poluição é um mero assunto de alavancamento político. Tudo bobagem, né?

    Nunca tratamos destes assuntos em uma roda de amigos. Não queremos pensar nestas duas coisas.

    Queremos outro mundo. Seja um céu, um mundo espiritual,  ou até mesmo Marte. Precisamos de outro mundo para sermos felizes. 

    Precisamos viver numa matrix, porque não é admissível pensarmos neste mundo de assédios, assassinatos, e estupros. Um mundo onde eu posso me engasgar e morrer. Um mundo onde eu apontam minha pequenez e me faz olhar para baixo.

    Precisamos criar utopia. Não! Quem disse? A gente não cria utopias. Não criamos nada. Pegamos aquela utopia que nos foi concedida acreditar. 

                                            E, otários que somos, acreditamos.

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