quinta-feira, 6 de março de 2014

A Desigualdade e sua Contrária II

Retomando:
            O algo diferente também está em todos e é mais visível em todos. Isso me leva a crer no principio de contradição de que Hegel tanto falava. Tese, antítese e síntese, em outras palavras: afirmação, negação e superação. Tal é o ciclo do principio de contradição, onde a natureza objetiva e subjetiva a contém de forma imanente. O ser humano contém em si esta lei que o faz ser diferente de si a cada instante, e quem sabe no mesmo instante.
            Alguns podem pensar: e agora? Devo aceitar esta desigualdade apenas com embasamento filosófico? Digo que não. Que é filosofia senão a construção de uma verdade, uma opinião sobre a realidade, uma reflexão de um individuo? Não quero desmerecer a filosofia, mas quero que o leitor filosofe na verdade com seus próprios meios.
            Saiamos da questão subjetiva e vamos mais a objetividade.
            Olhe as pessoas ao seu redor, olhe para as pessoas que convive principalmente. São iguais? Seria natural que fossem iguais? Fisicamente não, pelo menos. Em seus direitos, silvícolas não são iguais, pois seguem uma ética distinta para a cada tribo. As etnias não são iguais em política. Vimos a guerra fria: uma nação “brigando” com outra por ideologia basicamente.
            Um leão recebe o nome de leão porque tem na sua essência o que faz podermos defini-lo como leão, mas, os leões agem “mais iguais” do que homens. Leões se modificam naturalmente, pois há uma evolução, também uma seleção natural acontecendo (além claro que cada leão é um leão distinto), e, portanto poderá acontecer que se perca a essência de leão na objetividade, fazendo do leão como conhecemos apenas um registro.
            Com o homem é diferente. O homem pode mudar de forma mais brusca que o leão e mesmo assim sem perder a essência humana (o que eu quero dizer aqui é que o ser humano é mais adaptável para com as mudanças, e que diferente do leão, muda muito mais bruscamente de atitude).
            Com base em aparências apenas, prossigo:
            Veja que há homens bons, maus e aqueles que aparentam. Há maus que ficam bons e os que seriam justos (ou pareciam) e agora tomam nocivas atitudes. Todos distintos. Desiguais.
            Mas nas riquezas isto pode ser diferente. O que se deveria querer, na verdade, não é extinguir a desigualdade inerente à riqueza, pois isto não é “natural”. Digo natural no ser humano, pois é ele o ente natural que tem o acumulo como algo inerente ao seu ser. Também neste contexto é natural a desigualdade.
            O que se deve querer, digo também, o que é preciso lutar é o equilíbrio na desigualdade. Equilíbrio este sendo racional das riquezas (porém não igualitário ao extremo, pois não seria possível devido à própria desigualdade inerente).

            O que pretendo dizer é: somos todos desiguais e que o problema não é este, mas o quanto a desigualdade de um pode interferir na desigualdade do outro. Digo que às vezes lutar pela igualdade pode ser uma mal, uma causa de alienação. Todo homem luta pelo que é possível, mas, quando lutar por igualdade, lute por aquilo em que você realmente acha que você deveria trazer igualdade (como um tratamento igualitário numa empresa, por exemplo). Mas preze pela diversidade. Enfim, não cuspa na desigualdade. Ela te faz díspar.

2 comentários:

  1. Penso bastante por aí, falamos sobre isso e tudo xD Vou trazer dois pontos que podem contribuir para a reflexão:

    Quando analizamos em detalhes, essa noção de igualdade e desigualdade gera confusões. Lembro que já lhe falei sobre Zygmunt Bauman, um sociólogo que fala sobre as relações sociais de dádiva e troca, sendo a 1ª uma relação amigável e com o objetivo de ajudar o outro, e a segunda se tratando de uma relação impessoal, regida por leis, e que só se realiza quando ambos ganham algo.
    Agora imagine um homem que trabalha como checador de bilhetes em um aeroporto e a política da empresa seja de que deve ser considerar como primordial os tempos dos voos. De repente chega na sua frente uma pessoa desconhecida e que tenta explicar pra ele que não pode chegar mais cedo porque sua mãe ligou e precisava de ajuda. O que a pessoa está tentando fazer é burlar a norma e estabelecer uma relação pessoal com o checador de bilhetes, e nesse caso ele deveria atender ao pedido da pessoa (tratando-a de forma distinta) ou não? Há quem diga: Se eu deixar pra você vou ter que deixar pra todo mundo.
    Agora troque essa pessoa desconhecida pela mãe do checador de voos. Ele provavelmente vai deixar passá-la sem nem perguntar, a relação aí é totalmente pessoal.
    Como você avalia a conduta do checador de voos?

    Uma outra questão que pode incrementar a discussão é sobre a expansão das éticas. Nós percebemos que no final a igualdade é utopia, além de ser estranha, basta pensarmos "e se todo mundo fosse igual a mim?" Contudo, as pessoas agem como se buscassem atingir essa igualdade, tentando expandir sua ética para os demais, por exemplo, ou quando rejeitam o diferente (alguns teimam em falar em o que é normal e o que não é).
    A noção da expansão das éticas ganha destaque porque temos a tendência para formar imágens positivas sobre nós mesmos (as teorias de Tajfel e Festinger que mencionei anteriormente falam disso também), e isso nos faz tentar convencer os outros de que nossas visões de mundo são as corretas (o que em termos extremos daria em um mundo igual XD). Poucos são os que se admitem errados.

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  2. vou ter que estudar muito ainda viu D'Angelles. Você falou de coisas muito interessantes: do porque querer que os outros tenham uma práxis parecida com a nossa. Acho que isso pode ser em alguns casos um desrespeito à desigualdade que eu falei em cima (em alguns claro).
    Nem sempre será, pois as vezes é preciso por para fora em palavras algo que você achar errado. Como exemplo, nós achamos que as pessoas deveriam pensar mais sobre a vida, se livrar de velhos conceitos que não servem mais.
    concordo com você. Grato

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